Dicas para cicloviagens


Apesar do termo cicloturista ser de uso mais frequente, prefiro usar a palavra cicloviajante. A diferença é que vejo o turista como um predador, ele estraga os lugares. Sou também turista e também colaboro em estragar lugares. Tiro fotos sem significado na frente de monumentos já fotografados milhões ou bilhões de vezes. Mas tento me afastar desse padrão predatório do turismo. Como viajantes, eu e Bagaceira buscamos a viagem mais lenta, mais tranquila, somente com a pressa necessária, sem excessos de consumo e de estresse.

A cicloviagem é, portanto, um tipo de turismo menos predatório. É uma viagem lenta, onde se conhece quase que palmo a palmo o território desconhecido.

A bicicleta adequada a uma cicloviagem é qualquer uma. Já fiz cicloviagens com bicicleta sem marchas (uma única catraca), com bicicletas dobráveis aro 20 de 6 ou 7 marchas e com as tradicionais grandonas aro 26 de 21 ou 24 marchas.

A bicicleta de cicloviagem deve ser simples e resistente.

O peso da bicicleta e a quantidade de marchas não são aspectos tão relevantes quanto se pensa. Viajei com bicicleta de seis marchas e bagagem e subi todas as ladeiras do trajeto. Mas claro que há ladeiras impossíveis, ainda mais com bagagem. E, quando for necessário, descer e empurrar a bicicleta faz parte da viagem. Não há vergonha em não subir pedalando. Os cicloviajantes não tem pressa nem estão disputando uma prova de velocidade ou de mountain bike.

Em uma cicloviagem, uma bicicleta super-leve não vai fazer muita diferença pois sempre haverá a bagagem. Em uma das nossas viagens, quando encontrei os amigos no aeroporto, verificamos que a soma bicicleta + bagagem era quase a mesma para todos. Inclusive, o peso total da minha bicicleta + bagagem era menor que a de um amigo que possuía uma bicicleta bem mais leve que a minha.

A bicicleta de cicloviagem deve ter para-lamas. Os para-lamas mantêm a bicicleta, o ciclista e a bagagem mais limpos ao final de cada dia, com ou sem chuva. O uso do lameiro é aconselhável (lameiro é aquela borracha de formato quase triangular que se vê nas barra-forte). 

Sobre para-lamas e lameiros, há essas excelentes postagens:

Para-lamas (Pedarilhos)
Para-lamas (Audax do Vale)
Para-lamas (Forum de Cicloturismo)
Lameiros (Pedarilhos)

Para levar a bagagem, por mais leve que seja, é necessário o uso do bagageiro. Não dá para pedalar dezenas de quilômetros com uma mochila nas costas, é muito incômodo. Em geral, qualquer bagageiro pode ser adaptado a um bicicleta, mesmo que ela não tenha a furação para bagageiros.

Aquele tipo de bagageiro que se prende apenas no canote não serve para o cicloturismo. Conheço vários relatos dando conta da quebra do bagageiro até mesmo na primeira viagem.

Sobre adaptar bagageiros, veja os links:

Bagageiros - Vitaly Costa e Silva
Bagageiro traseiro longo - Waldson Antigão
Bagageiro dianteiro curto - Waldson Antigão
Bagageiro dianteiro normal - Luciano Ramos
Bagageiro dianteiro adaptado - Cauê
Bagageiro de canote adaptado para fixar no quadro - Cauê


A bagagem pode ser acomodada em uma mochila - presa ao bagageiro com elásticos - ou em alforges. Atualmente, eu uso os alforges impermeáveis da Arara Una. Mesmo com muita chuva, nossa bagagem sempre chegou enxuta.

Levo o mínimo possível de bagagem. Levo poucas roupas e todo dia lavo a roupa usada naquele dia. Há que se levar as ferramentas essenciais para a bicicleta e algumas câmaras de ar.

Considero desnecessário o freio à disco para bicicletas de viagem. Já vi acontecer com dois amigos de o freio à disco quebrar e eles não encontrarem as peças necessárias. Foram obrigados a pegar um ônibus para uma cidade maior para poder consertar a bicicleta. O freio v-brake normal é suficiente.

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